"Posso não concordar com uma só palavra do que dizes,
mas defenderei até a morte teu direito de dizê-las."
- Voltaire

quinta-feira, outubro 9

Compra de Votos versus Resultados

A Justiça Eleitoral tem tido papel fundamental na conquista da tradução fiel da vontade do eleitor nos resultados eleitorais. A urna eletônica trouxe enorme confiabilidade ao processo de votação e à contagem dos votos. Muito maior até que em países do chamado primeiro mundo. Mas persistem alguns problemas no período pré-eleitoral.


Um desses problemas são os altos gastos nas campanhas eleitorais. Porém, o mais danoso à expressão da vontade da maioria é a nefasta prática da compra de votos. Facilitada pelo baixo nível de consciência política da maioria dos cidadãos, a compra de votos está na raiz de graves distorções nos resultados das eleições.


Trata-se de uma prática política perversa e cruel, pois extrai sua força da manutenção da pobreza e da miséria. Constituem-se verdadeiros “exércitos de cabos eleitorais”, formados por eleitores dispostos a vender seu voto em troca, por exemplo, de uma cesta básica.


Dar ou simplesmente oferecer aos eleitores, durante o período de campanha eleitoral, qualquer tipo de bem material, vantagens ou dinheiro para conseguir votos constitui não somente crime, mas também infração eleitoral. Caso comprovada, resulta em cassação da candidatura.


A lei pune também uma outra prática: pode invalidar a candidatura daqueles que utilizam a máquina administrativa para conseguir votos. Utilizar funcionários, viaturas, serviços públicos diversos para fazer campanha eleitoral ou para conceder favores aos eleitores constitui motivo de cassação da candidatura.


Entretanto, somente a existência da lei não é suficiente: a Justiça eleitoral só pode agir a partir de denúncias formuladas contra candidatos que cometam a infração. Não havendo denúncias, tudo continuará como antes e ninguém será punido.


Espera-se que ocorram algum dia sanções exemplares. Conta-se com o efeito inibidor de tais exemplos, que poderá — espera-se — barrar a eleição de candidatos que não tenham outro programa senão distribuir dinheiro ou favores aos eleitores. Reverteremos assim a tendência a não mais acreditar na democracia, tendência perigosa em um país onde as desigualdades são tão profundas, e os problemas sociais, tão graves.

Um comentário:

Anônimo disse...

Mas as denúncias não vão aparecer. Todos fizeram boca de urna. Candidatos no boa a boa na reta final, zanzando de um lado pro outro no Centro, articulando...
...famílias inteiras, pai, mãe, filhas, crianças todos...é uma questão de cultura. Pra não falar da porcalhice que ficou nossas ruas! En todos os bairros...
Desisto!