Turisangra e os Transatlânticos - I

Muitos acham que a Turisangra não teve participação no fato termos perdido os navios. Teve sim e é a maior responsável, junto com o Shopping Pirata's. Vamos contar história toda.

Tudo começou quando a Elianemar Representações Marítimas Ltda. colocou Angra dos Reis de volta ao roteiro dos transatlânticos, no final de 2001. A maior parte dos turistas era de europeus e norte americanos, pois a classe média brasileira ainda não tinha cacife para participar desses tours.

Não havia a Turisangra, mas sim a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Turismo, cujo titular era o competentíssimo Bento José Pousa Costa, recém saído de trás de um balcão de venda de hambúrgueres para turistas, daí sua qualificação para a pasta (?).

A primeira reunião para organizar a recepção aos navios aconteceu na Av. Júlio Maria nº 10, sede da secretaria, dia 23/Nov/2001. Estavam reunidos o Bento e representantes da Elianemar e das Agências de Turismo, de Turismos Náutico (saveiros), e outras que ofereciam programas de trekking e city-tours.

A idéia inicial era receber os visitantes no Centro de Angra, oferecendo-lhes opções de city-tours pelas igrejas, passeios de Van pela Estrada do Contorno, caminhadas pela Mata Atlântica, rios e cachoeiras no Frade (jeep-tours), passeios de saveiro ou lancha pela baía, além das compras nas barraquinhas de artesanato. Uma das agências já havia negociado a possibilidade de as lanchas de desembarque atracarem dentro do porto, onde seria feito o receptivo e onde seriam oferecidas as opções de passeios.

Claro que o porto não era o local ideal, as barracas de artesanato não estavam bem equipadas etc. Mas com certeza no ano seguinte tudo seria melhorado. É óbvio que se esta opção tivesse sido aceita teriamos todo o centro da cidade participando ativamente da recepção aos navios, com benefícios para muitos.

Mas na tal reunião havia um estranho ao setor: o síndico do Shopping Pirata's Veníssius Barbosa, lojista de roupas, de onde vinha sua qualificação para turismo (?). Cheio de ganância, convenceu a maioria dos mal informados e mal formados operadores de turismo que o shopping seria o local mais adequado para o desembarque, mais bonito, que todos poderiam instalar seus stands lá. Ofereceu uma festa de recepção com dançarinas, música, capoeiristas, distribuição de brindes etc., desde que as agências contribuíssem com R$1.000 para terem direito a participar. Assim, conseguiu ludibriar a maioria e assim foi feito.

O primeiro navio chegou. A tal recepção foi uma porcaria e explodiram as queixas dos turistas por estarem tão longe da cidade, com os táxis cobrando uma pequena fortuna para transportá-los ao Centro. Viam-se filas de estrangeiros caminhando pelas calçadas do Aquidabã e da Praia do Anil sob o sol, tentando chegar ao centro. E quando chegavam não encontravam nada, pois a cidade não tinha sido informada da sua vinda. Abordamos alguns - perdidos e cansados - revoltados com o absurdo de serem desembarcados tão longe, reclamando que aqui não tinha nada que prestasse, que jamais voltariam, que se fosse para visitarem um shopping preferiam ter ficado no navio, pois em suas cidades os shoppings eram bem melhores ...

Mas o Veníssius e o Bento estavam achando o máximo e para o navio seguinte conseguiram piorar muito as coisas. Mas isso vamos contar amanhã em outra postagem.