Turisangra e os Transatlânticos - II

Seria bom relembrarmos o início: Turisangra e os Transatlânticos - I

Continuando a história, Bento e Veníssius estavam achando tudo muito bom e decidiram piorar as coisas.

Como estavam participando 3 agências de Turismo Náutico (escunas), 1 Agência de Turismo que alugava as lanchas, mais as 2 que faziam o city-tour e o jeep-tour, para o navio seguinte o Veníssius decidiu que não mais haveria o tal show de recepção e que cada um teria que pagar R$200 pelo uso do espaço no shopping (R$1.200).

O terceiro navio tinha uma programação diferente. Chegaria em Angra pela manhã, como os outros, mas só partiria no dia seguinte, bem cedo. O veníssius então decidiu que os participantes deveriam pagar R$400, jã que o navio passaria "2 dias" em Angra. De nada valeram as argumentações de que no segundo dia não haveria desembarque. O "dono da cocada preta" decidira e pronto!

Os operadores do city-tour e do jeep-tour foram os primeiros a desistir, pois não tinham como pagar as taxas que o shopping arbitrava a seu bel-prazer. Logo depois o Veníssius começou a alugar ele próprio as lanchas da marina do shopping e a agência que tinha exclusividade no serviço desistiu da operação. Ficaram então só os passeios de escuna como opção aos turistas.

Não satisfeito, Veníssius resolveu que os passeios de escuna teriam que reduzir seu percurso para que os turistas ficassem o maior tempo possível presos no shopping. Ao mesmo tempo fez um conchavo com uma delas, que passou a ter sua taxa reduzida em relação às outras, e aí começou uma verdadeira briga entre os donos das escunas, que passaram a disputar a tapas os passageiros.

Para não deixar nada esquecido, temos que dizer que a agência com quem Veníssius vez o acordo pertencia àquele indivíduo que foi preso em Paratí por estupro e que tinha regalias aqui na delegacia de Angra, lembram? Ele primeiro tentou se estabelecer em Salvador, foi expulso de lá em poucos meses de atividade, foi para o sul da Bahia, de onde também foi expulso, foi tentar em Parati, onde foi preso. Só em Angra conseguiu ficar vários anos sem ser incomodado. Aqui as coisas são mesmo diferentes.

Mas voltando ao assunto: nos anos seguintes a já formada Turisangra nada se interessou pelos transatlânticos (o negócio deles é helicóptero) e pouquíssimas agências participaram das recepções. Só os que não tinham competência para atuar no centro da cidade continuaram, pois no shopping não havia competição. E aceitavam todas as imposições com respeito às explorações aos turistas. Até a tripulação do navio, quando desembarcava, ia para Parati.

O problema de Angra é que em todas as paradas que esses navios fazem os passageiros respondem a um questionário com questões sobre a recepção em terra, se gostaram ou não do lugar etc. Este questionário é entregue ao comandante e depois ao armador. É com base neles que são programados os roteiros dos cruzeiros seguintes. Não é difícil imaginar o que escreviam a respeito de Angra.

Então meus amigos, só nos resta chorar sobre o leite derramado. E desejar a Mangaratiba que tenha mais competência do que nós para receber os navios.

O mais preocupante é ver tantos torcendo pela substituição de Manoel por Veníssius. Qual dos dois é pior? Na minha opinião, Veníssius pode ser ainda mais nocivo ao nosso turismo.

P.S. Nada disso é ficção. Foi retirado de correspondências que na época foram encaminhadas pelas agências à Secretaria de Turismo. Nosso próximo assunto vai ser a taxa cobrada aos ônibus.