Busologia

Rodrigo Silva, 24/nov 00:14 em "Transporte Público":
“É pior, meu amigo: a Bonfim cumpre os horários. O problema é que ela mesma os estipula, e estes nunca são suficientes para atender à demanda. Como não são suficientes, embolam no meio do caminho... Um ótimo exemplo disso, hoje, é ficar no Frade observando o movimento da linha Parque Mambucaba (já que a linha Frade mesmo é quase igual perna de cobra): vem dois, três juntos, todos lotados, depois disso quase uma hora de espera e o processo se repete.

O resultado deste estudo sugere uma curitibação do transporte por ônibus em Angra, ao propor a integração entre trajetos troncais, alimentadores e circulares. Eu - confesso, um aficcionado por transporte - fui a Curitiba para conhecer a RIT (Rede Integrada de Transporte), tida como modelo histórico para os atuais sistemas de BRT (Bus Rapid Transit) pelo mundo afora. Realmente, um sistema muito funcional: fiz viagens rápidas, por pistas exclusivas, troquei de ônibus 'n' vezes sem pagar mais que os R$2,20 do primeiro embarque, nas linhas mais movimentadas a espera era quase nada, e nas outras o intervalo parecia justo para a demanda. Para quem gosta de ônibus vazio, um problema: na maioria dos horários, viajei com pessoas em pé, mesmo que sem aperto. Nas linhas troncais, viajar sentado era raridade.

Aqui no estado do Rio, temos a experiência de Macaé, mais ou menos na mesma lógica, e que passa por sucessivas adaptações, parte da dinâmica necessária para atender bem à demanda, mas quem anda na linha T11 (Terminal Lagomar x Terminal Parque de Tubos, Troncal, a principal linha da cidade) tem a nítida impressão que 'atender bem' ainda é uma meta distante.

Apesar dos desafios, Angra tem boas condições para promover a racionalização de seu transporte por ônibus. A integração tarifária sugerida seria um imenso benefício à população da cidade, e os principais eixos de deslocamento da cidade são bem definidos, de modo que definir linhas troncais, alimentadoras e circulares não seria difícil.

Mas um sistema novo pode não dar certo do mesmo jeito que o atual não responde nossas expectativas, e pela mesma razão: se o poder concedente continuar não fiscalizando, se o usuário do sistema continuar não tendo voz para reclamar, sugerir ajustes ou elogiar algum projeto que deu certo, nada disso adiantará.”

TAngra:
Prezado Rodrigo,

Obrigado pela contribuição.

A primeira vez que ouvi a expressão "busólogo" foi pesquisando na Internet sobre a Viação Senhor do Bonfim. São os aficionados por ônibus e tudo que envolve o assunto: políticas de transporte, carrocerias, motores, pinturas, fabricantes etc. Assim como muitos acompanham tudo sobre trens e ferrovias, ou embarcações, Fórmula 1, outros acompanham tudo sobre ônibus, como é o caso do nosso amigo Rodrigo Silva, que tem até um Blog sobre o assunto:

Relatos de Viagem