A Entrevista de Pedro Miguel

Prometemos fazer algumas considerações sobre o que ouvimos na entrevista do vereador Pedro Miguel no programa Comunidade em Ação da TV-Com, mas antes vamos conhecer melhor o vereador.

Pedro Manoel da Cunha Miguel foi vereador nos últimos 16 anos, tendo participado de várias Comissões Permanentes da Casa e ocupado diversos cargos na Mesa Diretora. Tem instrução de nível médio completo e recebeu 1256 votos na última eleição. No período legislativo que se encerra, 2005 a 2008, sua atuação produziu:

• 2 leis dando nome a ruas
• 6 leis concedendo Títulos de Utilidade Pública

e mais nada. Queremos dizer "mais nada" de sua autoria, pois é claro que participou de diversas votações para aprovação das leis encaminhadas pelo executivo.

Vejam que dissemos "aprovação" e não "análise, discussão e aprovação ou rejeição", que é o que eles deveriam ter feito todos esses anos.

Uma prova de que os vereadores não analisaram nem discutiram porcaria nenhuma é o fato de que essa turma nem se interessou em saber quanto outros prefeitos, governadores, presidente tinham de remuneração antes de votarem pelos imorais R$23.000 do Tuca. Isso ficou bem claro.

Outra coisa que ficou clara na entrevista é como a convivência com o ambiente político embaça a visão das pessoas. Depois de 16 anos a cegueira é total. Ele não consegue mais distinguir o que é política do que é politicagem. Ficar em cima do muro escolhendo qual o lado que oferece mais vantagens pessoais para então pular é politicagem. Política é saber conviver e negociar com os diferentes, abrir mão de algumas posições e convicções em troca do conseguir benefícios para a maioria das pessoas que representa. Mas sem ficar trocando de time ao sabor de convenências pessoais. Isso é muito feio, reformule suas idéias e não escute jamais o que diz o Aurélio Marques, que se vende com muita facilidade (leiam a investigação da Cartas Marcadas). Aliás, sobre o Aurélio vamos falar depois, pois está engasgado em minha garganta desde a entrevista que deu num outro programa da TV-Com.

Mais outra coisa que ficou claro é que ele ou não sabia, ou fingiu não saber, quanto recebeu da prefeitura sua "Associação do Campo Belo". Primeiro foi "uns 400", depois "uns 500 e pouco", depois "teve um estorno", até que o Robson puxou seus papéis e mostrou que eram R$1.006.440, como nós já havíamos divulgado aqui no Blog. Sobre os repasses do governo estadual, como ninguém perguntou, nada disse. Mas vamos tentar descobrir isso e divulgar, para que ele enfim "saiba" quanto foi.

E mais outra coisa que passou desapercebida de muitos é que "mil pobres e sofridas criancinhas" garantem os votos necessários para um vereador se eleger aqui em Angra. Não é uma conclusão muito difícil de se chegar, certo?

Meus caros "futuro ex-" vereador e "futuro" deputado estadual, o que teria sido digno de vossa parte seria terem lutado para que fossem criadas escolas "públicas" para essas crianças, ao invés ficarem mendigando por verbas para entidades particulares, verbas essas que na verdade ninguém sabe onde vão parar, mas que garantem "ad eternum" seus "currais eleitorais". Por favor não nos tratem como idiotas... (ou bobos..., se preferirem)

Por falar nisso, temos recebido algumas consultas da Alerj sobre essa tal entidade do Campo Belo, pois lá não conseguiram descobrir qual o seu CGC, nem inscrição, nem o endereço, pois disseram que nada disso constava do PL encaminhado pelo deputado concedendo TUP a ela. Nós também não sabemos e sugerimos que corrijam essa pequena falha. Fomos consultados porque, depois de muito pesquisarem, só encontraram referências à "Associação Beneficente do Campo Belo" no site do Transparência Angra.

Para terminar, ao prezado leitor "Anônimo das 10h36" - que postou um comentário (vejam "Os Outros Salários") dizendo que talvez vote no vereador em 2012, peço que não faça isso não. Pelo bem da nossa cidade. Veja antes o comentário da Giselle, na mesma postagem.

Mas continuamos a considerar sua ida à TV-Com uma atitude nobre e histórica, ainda que tenha sido um "tiro n'água" para ele.