Centenário de Luiz Gonzaga

Homenagem da Google ao 100º aniversário de Luiz Gonzaga

E abaixo, Caetano Veloso, em 1973, numa extasiante interpretação de uma das mais belas canções de Luiz Gonzaga. Tempos em que a performance num palco era uma das poucas formas possíveis de protesto, um modo de afrontar a terrível ditadura militar sem fazer uso de armas. O "milicos" - essa era o termo, pejorativo na época, que nós, estudantes secundaristas e universitários, usávamos para qualificar os "militares linha dura" - ficavam deseperados, não sabiam ainda como reagir. Passaram, então, a deportar nossos gênios da música e de outras artes - o alvo eram os menos "dóceis" e mais "influentes"-, como aconteceu com Caetano:

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A volta da Asa Branca

Já faz três noites
Que pro norte relampeia
A asa branca
Ouvindo o ronco do trovão
Já bateu asas
E voltou pro meu sertão
Ai, ai eu vou me embora
Vou cuidar da prantação

A seca fez eu desertar da minha terra
Mas felizmente Deus agora se alembrou
De mandar chuva
Pr'esse sertão sofredor
Sertão das muié séria
Dos homes trabaiador

Rios correndo
As cachoeira tão zoando
Terra moiada
Mato verde, que riqueza
E a asa branca
Tarde canta, que beleza
Ai, ai, o povo alegre
Mais alegre a natureza

Sentindo a chuva
Eu me arrecordo de Rosinha
A linda flor
Do meu sertão pernambucano
E se a safra
Não atrapaiá meus pranos
Que que há, o seu vigário
Vou casar no fim do ano.

Os mais jovens talvez não saibam: naquele tempo ainda não havia microcomputador, nem Internet, nem telefone celular. Será que conseguem imaginar um mundo assim?