"Posso não concordar com uma só palavra do que dizes,
mas defenderei até a morte teu direito de dizê-las."
- Voltaire

segunda-feira, outubro 15

Hoje foi o Dia do Professor

Teresa de Cepeda e Ahumada nasceu na Espanha, em Ávila, no dia 28 de março de 1515. Aos 15 anos passou a estudar no Convento das Agostinianas de Ávila, para onde iam as jovens da sua classe social. Aos 20 anos, contrariando seu pai, mãe falecida, fugiu de casa para internar-se no Convento Carmelita de Encarnación e tornar-se monja e escritora. Foi criadora e fundadora de vários conventos até seu falecimento, em 4 de outubro de 1582. Coincidentemente, no dia seguinte o Papa Gregório XIII mudou o calendário para compensar a diferença de 10 dias acumulados entre o calendário juliano e o calendário astronômico, perdidos durante séculos pelos anos bissextos, e o dia da sua morte passou a ser o dia 15 de outubro. Foi canonizada Santa Teresa de Ávila ou Teresa de Jesus em 1622. Em 27 de setembro de 1970 o Papa Paulo VI conferiu-lhe o título de Doutora da Igreja. É a Padroeira dos Professores.

No dia 15 de outubro de 1827, Pedro I, Imperador do Brasil, decretou a criação do Ensino Elementar em todo Reino: todas as cidades, vilas e lugarejos teriam que ter "escolas de primeiras letras". O decreto determinava ainda a descentralização do ensino, o salário dos professores, as matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até como os professores deveriam ser contratados, mas a data não era comemorada como dia dedicado aos professores.

120 anos depois, em 1947, numa escola de São Paulo, na Rua Augusta, os professores tiveram a ideia de destacar este dia para um intervalo nas aulas. Seria um dia de congrassamento, análise e programação do restante do período letivo, que terminava em meados de dezembro. Aproveitou-se para uma confraternização com pais e alunos e o dia virou uma festa (no bom sentido). Um dos organizadores, professor Salomão Becker, é o autor da frase: "Professor é profissão. Educador é missão". A celebração deste dia espalhou-se pelas escolas da cidade e do país nos anos seguintes. O dia 15 foi oficializado como feriado escolar pelo Decreto Federal 52.682: "Para comemorar condignamente o Dia do Professor, os estabelecimentos de ensino farão promover solenidades em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias".

Na minha infância e adolescência estes dizeres do Decreto 52.682 ainda eram válidos, professor era profissão honrada e respeitada pelos governantes, os salários eram dignos e invejados, as escolas públicas tinham serviço médico e dentário, a merenda saudável e gostosa (menos o mingau de sagu) e os alunos tinham um mínimo de educação em sala de aula. Onde andará minha primeira professora, a D. Zelinda, do jardim de infância, muito querida, jamais esquecida e que só largou o magistério porque era tão linda que acabou virando miss e depois modelo?

Nos meus tempos de aluno as escolas não atingiam todas  as "cidades, vilas e lugarejos", como queria Pedro I, mas as poucas que havia, mesmo nas localidades mais distantes e pobres, formavam alunos que sabiam ler e escrever corretamente e nem precisavam de cursinho para entrar numa faculdade. Hoje tem escola pra todo lado, mas o que se vê de assassinato culposo e doloso da língua pátria nos orkuts, facebooks e blogs por aí é de doer no coração.

Neste Dia do Professor fiquei sem saber de dava parabéns ou os pêsames a eles e elas, obrigados por "profissão e missão" a sujeitarem-se a salários miseráveis, a escolas tão carentes de tudo e ainda tendo que aturar e conviver com alunos onde a maioria não tem o menor interesse em aprender nada de bom, alunos que não recebem um mínimo de educação de seus mal-educados pais e mães...

Força e fé, senhoras e senhores professores!

5 comentários:

Jane Moté jornalista disse...

Parabés pelo belíssimo texto, certamente escrito por um professor ou jornalista.

ALEX BRAZIL disse...

OBRIGADO TRANSPARENCIA ANGRA!
GRANDE ABRAÇO!

Anônimo disse...

Nós professores agradecemos o carinho e a lembrança.
Bom saber que outras pessoas reconhecem que educação básica e mínima vem de casa.A escola complementa mas não é responsável pelo que a maioria dos alunos traz de casa.
Para um verdadeiro mestre é dificílimo conviver com tanta falta de educação e disciplina que muitos alunos trazem na bagagem.

Anônimo disse...

Sinceramente, como professor e chefe de família, depois de 22 anos de profissão, não saberia dizer o que sinto neste dia, pois é uma junção de alegria e tristeza.
A alegria é pelo fato de ter contribuído com a formação de diversos profissionais do nosso município. A tristeza é pelo desprestígio da profissão e do profissional, tanto pelas esferas públicas e particulares, como, principalmente, pela própria sociedade. A profissão está banalizada, jogada na sarjeta e o professor parece que se tornou inimigo dos alunos. As escolas se transformaram em depósitos de crianças, onde seus pais estão terciarizando as mesmas, as quais cada vez mais sem educação e respeito...Na maioria das instituições de ensino é um fingimento só: O professor finge que ensina, o aluno finge que aprende e a instituição de ensino finge que paga! Praticamente nenhum professor(a) incentiva seu filho a ser professor. A licenciatura, nas universidades, viraram carreira de pobres, daqueles que não possuem perspectiva de horizontes melhores...Nesse sentido, a bomba está armada: Uma sociedade que cresce deficiente e que se torna cada vez mais desigual. Não saberia fazer outra coisa, que não fosse lecionar, no entanto, me sinto um "prostituto do magistério": É só pelo pouco dinheiro, pois o amor já foi embora, infelizmente.

TAngra disse...

Prezada Jane Moté,

Infelizmente, nem uma coisa e nem outra, só me esforcei para ser um bom aluno.

Obrigado, abraços.

TAngra.