Anônimo, 10/set 21:01 em "A ignorância ...":
"TAngra e nobres internautas,
Não coloquem 'na conta' da educação a responsabilidade em transformar o município. Sou professor e tenho segurança em afirmar que a educação é um dos pilares para a construção de um lugar melhor - seja bairro, município, estado ou país. Porém não fazemos 'tudo' sozinhos. Ainda se faz necessária uma atuação intersetorial - saúde, segurança, assistência social... Porém, quando encaminhamos um aluno para atendimento por qualquer profissional de saúde do município, muitas vezes não conseguimos resposta. Sem fazer referência às condições precárias de trabalho. Alguns colegas chegam a comprar material para trabalhar...
Enfim, sabemos que há muito o que fazer para, um dia, chamarmos os munícipes angrenses de cidadãos. Por hora o que temos é gente, muita gente, comprada e comprando 'outras gentes'. É triste ver, ouvir e 'tolerar' tanta gente burra no comando deste município.
Abraços fraternos."
TAngra:
Fraternal Anônimo,
Concordo com tudo que você disse, menos com a afirmação de que a educação é um dos pilares. Na minha opinião, a educação é o alicerce para construção de um lugar melhor, o sustentáculo onde se apoiam todos os demais pilares. Se os pais de seus alunos - desde os avós - tivessem recebido uma educação de qualidade, educação de verdade, completa, incluindo moral e civismo, certamente não haveria tantos problemas de saúde, segurança e assistência social. E nem estariam eleitos tantos ladrões.
É claro que os mestres deveriam ser reconhecidos no patamar da sua importância, com seus salários decuplicados e sua formação cobrada no mesmo nível. Gostaria de rever sua opinião aqui, mas colocando a educação no lugar que considero o adequado.
Abraços, aguardo retorno.
TAngra.
PS. No meu tempo de aluno professor era profissão de elite.
Há 3 meses
6 comentários:
TA,
Ser professor já foi profissão de elite, da mesma forma, ser aluno, há tempos idos, também era para a elite. Não podemos desconsiderar as exceções - sempre aparece alguém dizendo que era de família pobre, muito pobre, e teve acesso a escola pública... mas vale a ressalva - escola pública não era para todos, menos ainda para os mais pobres.
Há poucos anos tivemos a quase universalização do ensino fundamental - principalmente nas séries, ou anos, iniciais. Famílias que tiveram, no decorrer de gerações, o direito ou acesso, se não negados, dificultados, hoje têm acesso e permanência na escola pública. Porém, garantir "apenas" o acesso e permanência ainda é muito pouco. Não queremos nossos alunos apenas habitando os espaços escolares, queremos nossos alunos aprendendo e multiplicando os valores que você, TA, escreveu - moral e civismo. E também, ou principalmente, aprendendo a ler, escrever, interpretar, criar opinião própria... Mas chega a ser hipócrita afirmar que hoje, a escola pública, tem condições de ser o alicerce para a construção de um mundo melhor. Não quero com esta afirmação, desconsiderar sua opinião, mas seria interessante conhecer algumas escolas públicas do nosso município, não é para visitar, conhecer de fato - passar alguns dias vendo a rotina dos alunos, professores e demais funcionários. Na teoria a educação deveria sim mudar o mundo. Na prática o estado de precariedade em que a educação escolar está não permite, ou dificulta muito, que a mudança parta da escola...
Prezado Anônimo das 09:34,
Pode-se dizer que não havia escola pública em todos os lugares e em número suficiente, mas as que existiam eram de mesma qualidade e não havia privilégios para nenhuma classe soscial.
E posso afirmar isto por experiência própria. Em meu primeiro ano de estudo (jardim de infância), não havia vaga em escola perto de onde eu morava e fui matriculado em outra que atendia aos moradores de uma colônia de pescadores, onde a maioria dos alunos eram filhos de gente bastante humilde.
Meus irmãos, 2 e 3 séries à frente, estudavam perto de casa. Como não havia diferença entre a qualidade do ensino, preferi ficar até o fim na escola distante de casa porque ia e voltava de bonde e essa "viagem" era também um dos prazeres que eu curtia, pois podia fazer a viagem sozinho, naqueles tempos de gente mais civilizada.
Depois, estudei em ginásio estadual e escola técnica e curso superior da rede federal.
Entre meus irmãos, só o "caçula" foi obrigado a estudar em escola particular por ter sido expulso de todas as escolas públicas por mau comportamento ou vadiagem (vadiagem - diferente de hoje - era matar aula para namorar). Escola particular, salvo honrosas excessões, era o recurso para quem não tinha competência para estudar e passar de ano nas escolas públicas.
Hoje sim, há discriminação entre os estudantes pois universalizaram a má qualidade do ensino público e só tem "alguma" qualificação quem estuda em escola particular. Resta sabermos se isso foi feito de forma intencional, para manter o povo na ignorância, ou por pura incompetência dos gestores. quem sabe se não foram os dois motivos somados?
Abraços,
Tangra.
PS. Não tenho certeza, mas acho que nós dois já conversamos sobre este mesmo tema em outras paragens...
Interessante Tangra este seu tópico é o mais importante de tudo aqui postado. Que fala de Educação. E é o menos comentado de todos. Educação é tudo para o ser humano. E vendo que ninguém comenta aqui da pra perceber bem o porquê estamos tão mal como cidade. Da desespero e vontade de chorar!! Que bom que você existe nesta cidade. Independente de eleição e de qualquer coisa continue sempre presente você é uma luz num universo de escuridão! Parabéns pelo trabalho!
Ééééé, caro Anônimo das 01:05,
Me consolo pensando que devo ter usado as palavras erradas... ou que a campanha eleitoral é a culpada... mas chegaremos lá, mais cedo ou mais tarde.
Obrigado! Abraços!
TA, seria possível se fazer um levantamento da vida política dos dois candidatos (se estão sendo julgados, se já fizeram besteira etc) e divulgar, exatamente para que o povo tenha acesso? Infelizmente, não podemos confiar nesses jornais da cidade.
A educação é sempre negligenciada por três motivos básicos: 1º) compromete grande parte da arrecadação pública (junto com a saúde), 2º) os resultados só aparecem a médio e longo prazo (óbvio que um político não vai querer plantar para o outro colher)e, 3º) a população mais consciente, vai criticar os seus algozes. Por isso, amigo, como educador, nessa cidade, há mais de vinte anos, posso te afirmar, sem mêdo de errar: especialmente, na rede municipal e estadual, nos últimos dez anos, estão sucateando a educação. Os professore fingem que ensinam, os alunos fingem que estudam e a administração pública finge que paga (o município já pagou bem. Na época do Neirobs Nagae, o piso salarial de um professor era de 10 salários mínimos, hoje é 04), ou seja, é um fingimento só!
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