A Comissão de 23 Milhões

Antes que algum imbecil venha com a desculpa de que valeu a pena pagar 23 milhões em comissões por um serviço que trouxe mais de 100 milhões/ano para Angra dos Reis, resolvemos usar nossa expertise com corruptos e corruptores para criar a nossa historinha a respeito do caso.

Era uma vez um bando de maus caráteres que tinha amigos e parentes influentes na Agência Nacional de Petróleo, a agência encarregada de distribuir os petro-royalties entre os municípios que fazem jus a essa benesse caída dos céus.

Esse grupo especializou-se em negociar com prefeitos uma gorda comissão em troca de usar sua influência para conseguir multiplicar o valor dos repasses a que seus municípios tinham direito. É claro que o aumento para essas cidades se daria em prejuízo de outras, já que na natureza nada se cria, nada se perde, como disse Lavoisier, mas o grupo não era muito dado e essa bobagem de escrúpulo.

A comissão tinha que ser alta para que todos os envolvidos - a consultora, o prefeito e os amigos da ANP - pudessem dividí-la, caso a trama desse certo. Como a cidade também levaria o seu, era provável até que ganhassem o paraíso depois da morte, por conta desse milagre da multiplicação. Além do mais, dinheiro público não tem dono mesmo, etc e tal...

Assim, chegaram a Angra em julho de 2006 e depois de seduzirem o prefeito Fernando de tal com seus argumentos negociaram o seguinte: "a gente leva 40 mil reais agora para as despesas e quando - e se - o negócio der certo separaremos 20% para dividirmos entre nós e o pessoal lá de Brasília. Pelo que calculamos, Angra deverá receber um pouco mais de 100 milhões. Tudo certo?", "Tudo certo", respondeu o prefeito. Assinaram um pré-contrato no dia 11 de julho.

Foram para a ANP e depois de 1 ano voltaram com a boa notícia: "conseguimos que Angra passe a receber 115 milhões. A comissão será de 23 milhões (20%), sendo que desses você leva seus 2,3 milhões (10%), como havíamos combinado, certo?". Prefeito: "Ótimo, vamos assinar uma rerratificação daquele contrato para não dar na vista." Assim o fizeram no dia 24 de julho de 2007.

E viveram felizes até que a bomba explodiu com a investigação da Polícia Federal.

O pior é que só o município de Angra pode ser prejudicado com essa manobra, podendo perder boa parte desses royalties - que já fazem parte do orçamento, além de outros investimentos que poderiam vir do governo federal. Conseqüência da má fama pelo excesso de denúncias de corrupção que a cidade acumulou.

Nem empresários têm interesse em instalar-se em cidades com tanta corrupção e o povo é quem vai ser, na verdade, prejudicado. O prefeito já comprou um monte de lingüiças lá na Calábria com a sua parte e esse dinheiro nunca mais voltará, como sempre acontece. E ainda se corre o risco desse prefeito voltar à política, como também sempre acontece com os grandes corruptos.

Assim termina a história. Como de hábito, só a gente sifu.

Lembro que nada do que está escrito acima deve ser considerado como verdade. Apenas os personagens, os 40 mil, os 23 milhões e as datas dos contratos são verídicos, mas quem tem que descobrir as verdades não é o Transparência Angra, mas sim quem ganha para isso. O Blog é meu e escrevo a ficção que eu quiser nele.

P.S. Outra diarréia cerebral do TAngra: "Vinte e três mais um monte de zeros deve ser o número da sorte (ou azar?) de quem tem sobrenome Jordão..."